Atualmente, a representatividade da população brasileira no poder público não corresponde à realidade da população brasileira que tem mais de 50% de pessoas negras em sua composição. São raríssimos os representantes no Senado, do Congresso e nos demais órgãos.
É muito importante que o cidadão negro se veja representado por alguém que seja semelhante a ele, que entenda as necessidades, os problemas e as dificuldades que se enfrenta no dia a dia, para ter condições de fazer políticas públicas que realmente atinja as questões da população negra de forma efetiva.
Para fazer essas políticas públicas, o representante tem que ter esse “conhecimento na pele”, literalmente, se não fica artificial. Elas têm que ser feitas por alguém que no mínimo viva a mesma situação ou já tenha vivido em algum momento da sua vida e que quando chegue ao poder não esqueça de que milhões de outras pessoas ainda passam por isso: dificuldades de acesso ao ensino de qualidade e à alimentação, por exemplo.
A alimentação na primeira infância é muito importante para formar cidadãos que no futuro tenham boa aprendizagem. Afinal, uma pessoa que não se alimenta bem não tem condições de desenvolver um aprendizado de qualidade e competir no mercado de trabalho.
Além disso, é preciso tratar os casos de racismo com mais seriedade. A abordagem policial violenta pela cor da pele é inconcebível!
Assim, fica evidente que é necessário olhar com a devida atenção para essa população negra.
Nestas últimas eleições houve um aumento considerável de candidatos negros eleitos devido à mudança na legislação que determinou essa nova proporção. Isso é muito positivo: a medida que as pessoas negras se identificam, se sentem mais motivadas a votar. Em São Paulo, a vereadora mais votada foi uma mulher negra transexual. Isso é um marco para a diversidade!
Estamos no caminho, mas ainda há muito a se conquistar.
Vera Carrion é presidente da Associação dos Servidores do Tribunal de Contas do Município de São Paulo (Astcom),